9 de novembro de 2024
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Feijão-caupi é tema de pesquisa para melhorar a qualidade de vida de agricultores familiares do Maranhão

O feijão-caupi é uma das culturas em expansão no mercado brasileiro, possui reconhecida importância socioeconômica nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, sendo uma das principais bases alimentares para população de baixa renda dessas regiões. Na Embrapa, o produto é estudado em abordagens variadas. Uma delas, por meio da técnica de melhoramento genético convencional que enriquece o feijão caupi com mais teores de ferro, zinco e vitamina A. Outra tecnologia, aplicada nas lavouras desse produto, é a inserção de inoculantes de rizóbio para fixação biológica de nitrogênio (FBN), com resultados comprovadamente promissores na produção. 

Esses dois temas de pesquisas da Embrapa fazem parte de projeto em andamento liderado pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA e realizado em parceria com a Embrapa Cocais que pretende melhorar o sistema produtivo e a qualidade alimentar do feijão caupi, e consequentemente, a renda do agricultor familiar da região do município de Balsas, Maranhão. Intitulado “Agricultura nutritiva: biofortificação de variedades de feijão-caupi na melhoria de qualidade alimentar e no incremento de renda”, o projeto é  coordenado pela professora Antonia Alice Costa Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia da UEMA e tem o financiamento da Fundação Cargill. “A pesquisa é uma parceria entre a UEMA e a Embrapa Cocais voltada para o desenvolvimento da cadeia produtiva do feijão-caupi por meio do incentivo ao plantio de variedades com maior teor de vitaminas e minerais e mais produtivas e também à comercialização da produção para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), garantindo mais qualidade nutricional à alimentação dos consumidores e venda da produção dos agricultores familiares”, destaca a professora. 

O estudo pretende estimular o uso de sementes biofortificadas, enriquecidas com Fixação Biológica de Nitrogênio – FBN, na produção do feijão-caupi para avaliar a qualidade sanitária, fisiológica, nutritiva e produtiva, fortalecendo todos os elos da cadeia e incentivando a permanência do produtor no campo, e ainda valorizar a biodiversidade vegetal de espécies adaptadas às condições locais, agregando valor cultural para essa população.

Segundo Carlos Freitas, pesquisador da Embrapa Cocais, pretende-se disponibilizar as sementes nativas e bioforticadas para produção e avaliar as ocorrências de pragas. “Serão realizados levantamento da ocorrência de doenças em variedades tradicionais de feijão-caupi no município de Balsas/MA e efetuadas coletas de sementes de feijão-caupi junto a pequenos agricultores para a avaliação da qualidade sanitária e fisiológica. Sementes de feijão-caupi biofortificadas das cultivares da Embrapa Aracê, Tumucumaque e Xique-Xique, a serem avaliadas também do ponto de vista da qualidade sanitária e fisiológica, estão sendo testadas em casas de vegetação, acrescidas ou não com inoculante (bactérias fixadoras de nitrogênio). Também, serão instalados experimentos em campo nos municípios de Balsas/MA e São Luís/MA, para avaliação do comportamento de sementes biofortificadas, acrescidas com FBN, quanto à incidência de doenças em campo (em ocorrência natural), e o efeito na promoção de crescimento e a produção do feijão-caupi”, detalha.

Ao final, espera-se que pesquisa contribua para inserir as variedades biofortificadas na cadeia produtiva da região e para definir o perfil das variedades tradicionais e suas características quando comparadas com as cultivares melhoradas e ainda oferecer aos produtores alternativas de controle para  fungos, como o Fusarium oxysporum f. sp. tracheiphilum fitopatogênico à cultura, agente responsável por morte das plantas em campo. Para o pesquisador da Unidade de Execução de Pesquisa – UEP/Balsas, “a expectativa  é disponilizar informações sobre o manejo do feijão-caupi biofortificado aos agricultores familiares na região”. 

Resutados com FBN – Avaliação de impacto mostrou que a produtividade média de feijão-caupi (feijão-de-corda) em 16 municípios do Maranhão mais que dobrou depois da utilização da tecnologia de inoculantes de rizóbio para fixação biológica de nitrogênio (FBN), passando de 515 quilogramas por hectare em 2016 para 1.170 quilogramas por hectare em 2018. Percebeu-se ainda melhor desenvolvimento da cultura, com plantas mais vigorosas, mais altas e com maior número de folhas. 

A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é um processo natural que ocorre em associações de plantas com bactérias diazotróficas. Seu principal produto, o nitrogênio, é um nutriente essencial para o crescimento e o desenvolvimento vegetal. O nutriente é capturado do ar e fixado pelas bactérias diazotróficas, encontradas em muitos tipos de solos. Nas raízes, as bactérias nodulíferas têm, geralmente, alta especificidade para cada espécie vegetal, sendo muito comum, por exemplo, a simbiose entre plantas da família Leguminosae e bactérias diazotróficas conhecidas como rizóbios.

Alimentos biofortificados – Coordenada pela Embrapa, a atividade tem como essência enriquecer alimentos que já fazem parte da dieta da população mais carente, como arroz, feijão, feijão-caupi, mandioca (macaxeiras), batata-doce, milho, abóbora e trigo, a partir do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A, introduzindo alimentos mais nutritivos na dieta dessas pessoas. O objetivo é diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar, além de combater fortemente a chamada “fome oculta”, que é a carência específica de micronutrientes. 

Para isso, busca também a promoção do aumento da produção e do consumo de alimentos biofortificados nas diversas regiões do Brasil, por intermédio do fortalecimento de uma rede para a transferência de tecnologias com abrangência nacional. A recomendação, no Maranhão, baseia-se nos cultivos de feijão-caupi (BRS Araçê e BRS Tumucumaque), mandioca (BRS Dourada, BRS Jari e BRS Gema de Ovo), batata-doce (Beauregard), milho (BRS 4104). Um arroz rico em micronutrientes – o arroz biofortificado – está em processo de desenvolvimento pela Embrapa. Além da qualidade nutricional, são também incorporadas boas características agronômicas, como produtividade, resistência à seca e a pragas, o que, por sua vez, gera boa aceitação pelo mercado, consumidores e produtores. Atualmente, os cultivos biofortificados no estado estão presentes em praticamente todos os municípios, beneficiando muitas famílias. Saiba mais em https://biofort.com.br/rede-biofort/

Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais

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