O Dr. Antonio Luiz Brasileiro nos fala do beneficio do Vinho para o coração.
O Dr. Antonio Luiz Brasileiro é cardiologista no Rio de Janeiro há mais de 20 anos , sendo autor do livro “Rotina em Unidades Coronárias” da Editora Revinter.
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As qualidades do vinho são amplamente reconhecidas, embora de maneira não científica, desde antes de Cristo, ele próprio tendo sido um apreciador.
O consumo moderado de vinho tinto está associado com efeitos positivos em várias patologias entre elas a aterosclerose que é a causa de doenças graves como o infarto de miocárdio (obstrução das artérias coronárias). O mecanismo pelo qual o vinho reduz a mortalidade por infarto é explicado pela redução que ele provoca nos níveis de colesterol LDL (o mau colesterol) e elevação nos níveis do colesterol HDL (o bom colesterol) em cerca de 12%. Independente dos já conhecidos efeitos benéficos do consumo moderado do álcool para a circulação, o vinho tinto contém flavonóides (o mais conhecido é o resveratrol) que são substâncias com propriedades vasodilatadoras, anti-oxidantes e anti-agregantes plaquetárias, todos efeitos protetores contra o infarto.
Os efeitos cardio-protetores do vinho tinto parecem ser a explicação para o fenômeno conhecido por nós médicos como “o paradoxo francês”. É que o povo francês tem hábitos não muito saudáveis consumindo uma das dietas mais gordurosas do mundo, bastando lembrar seus deliciosos patês de “foie gras”, seus bries e camemberts. Além do mais os franceses tendem a ser sedentários e têm altíssimos índices de tabagismo. Mesmo assim eles apresentam a menor taxa de infarto do mundo ocidental. Hoje admite-se que a explicação está no alto consumo de vinho da população, o maior do planeta.
Há também pesquisas brasileiras sobre o assunto. Um estudo do Instituto do Coração, em São Paulo, avaliou o efeito em camundongos da administração de vinho ou suco de uva comparando com camundongos que não usaram nenhum dos dois. Ao final de 12 semanas, os três grupos foram sacrificados e tiveram suas artérias estudadas. Aqueles aos quais havia sido administrado vinho ou suco de uva tinham artérias mais saudáveis!
Finalmente, sempre se soube que o metabolismo e a absorção do álcool pelo fígado são mais lentos com fermentados (vinho, cerveja) do que com destilados (whiskey, vodka, pinga). Como o vinho é sempre tomado lentamente e às refeições – com o estômago cheio a absorção é ainda mais lenta – os níveis de álcool no sangue não atingem proporções intoxicantes, como acontece com os destilados e que podem levar a lesões no órgão.
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Entretanto não pense que quanto mais vinho você ingerir melhor para o seu coração. Estudos mostram que a dose diária não deve ultrapassar, para os homens, 40g de álcool por dia (aproximadamente, 1/4 de garrafa/dia). Já as mulheres não devem ingerir mais que 20g por dia (menos de uma taça). Doses maiores podem provocar enfraquecimento das fibras que constituem o músculo do coraçãoprovocando uma grave doença chamada “miocardiopatia alcoólica”. Isso sem falar nos efeitos danosos sobre o fígado podendo levar à “cirrose hepática”. Vale a pena lembrar que essas doses são as recomendadas na Europa. Em países de clima quente como o Brasil a história talvez seja um pouco diferente.
Assim, a recomendação que nós cardiologistas damos aos nossos pacientes é: aprecie seu vinho com a devida moderação, de preferência tinto seco e de boa procedência.
À nossa saúde!
Por: Manoel Gonçalves