21 de novembro de 2024
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Biomédica cria mais 350 receitas e vira referência mundial em brigadeiros

Ficar quatro dias rodando em torno de uma mesa, anotando ideias em papéis, listando ingredientes que, no começo, nem parecem fazer sentido para muitos, é coisa de gente estranha, não é mesmo? Mas essa é a rotina de criação de Júlia Nigro, biomédica de formação que se tornou referência mundial na área de brigadeiros. Seus cursos já foram frequentados por mais de 3,5 mil alunos espalhados em 11 países- Brasil, Japão, Bélgica, Portugal, Espanha, Nova Zelândia, Itália, Estados Unidos, Moçambique, Irlanda e Suíça

Júlia, ex-proprietária de uma loja de chocolates na Avenida Paulista, em São Paulo, e atualmente moradora de Camboriú (SC), começou a fazer doces finos para encomendas em 2013. E a partir daí começaram a surgir também as ideias para criar novos doces. A primeira receita inovadora foi um brigadeiro de vodka de pêssego com physalis.

“Levei alguns tombos no processo. Uma hora estava forte demais, em outra talhava a massa, ou ficava fora do ponto. Criei para o casamento da minha irmã, Nara. Ele foi apresentado dentro de um copinho de acrílico com uma physalys em cima, porque eu não acertava o ponto de enrolar. E na festa todo mundo achou um máximo aquele copinho com brilho em volta e uma physalys em cima. Foi sucesso”, lembra Júlia.

Com o crescimento do número de encomendas, Júlia Nigro começou a receber muitos feedbacks. Ela lembra que ao levar os doces para uma cerimonialista em Itajaí (SC), a profissional e sua equipe foram só elogios às criações. “De cara falaram que gostaram da apresentação. Depois, destacaram que nunca tinham comido algo doce que não era enjoativo e sim equilibrado, como os que eu tinha levado para degustação”.

E de lá para cá já são mais de 350 receitas autorais criadas. Mas de onde vem a inspiração para tudo isso? Julia diz que vem de todos os lugares. Uma comida que degusta, programas que assiste, reuniões em família, algo na natureza, histórias de superação ou situações engraçadas. “Assim, as ideias, começam a surgir”, destaca.

A partir daí, Julia inicia as pesquisas, faz anotações, revisões e testes: “Tudo que vejo, ouço e que pode se tornar uma ideia de um sabor, já pego o celular, caderno ou um pedaço de papel por perto para anotar. Nunca ninguém vai entender essas anotações, porque só fazem sentido para mim: coração – sal – marshmallow. Algum sentido nisso? Aí surge um bombom de brigadeiro de marshmallow azul.”

E é no computador que a ideia começa a virar um esboço. O processo da escrita é intenso. Só então ela parte para a cozinha. E aí, o esboço ganha forma. “Quando sai o doce, eu tiro foto. Dois dias depois olho a foto. Se eu gostei e o sabor ficou bom: bingo. Criado. Meu marido e os filhos são as cobaias”, conta.

A complexidade na criação e a autoexigência também são pontos cruciais. Biomédica formada e pós-graduada em Vigilância Sanitária de Alimentos, Júlia Nigro procura sempre alinhar a mente científica que adquiriu na vida acadêmica com a realidade dos alunos, para criar algo diferenciado e inédito mundialmente.

Quando questionada sobre bloqueios criativos, ela enfatiza que o segredo é saber lidar com os problemas de uma forma positiva, absorvendo apenas o necessário para a solução. Segundo ela, um dos mais difíceis foi a criação do módulo de Brigadeiros Etílicos, que criou especialmente para o curso de Brigadeiros 4.0. A inspiração veio de drinks mundiais, como Pinã Colada, Mojito, Cosmopolitan e Margarita.

O entusiasmo dos alunos nos cursos a faz perceber que está transformando algo comum em extraordinário, que muda a vida das pessoas. Para ela, o objetivo é fazê-los acreditar neles mesmos. Que se espelhem em sua história, onde mesmo com situações adversas, Júlia venceu e se tornou um referencial. Como sempre fala, quer tornar seus alunos e alunas doceiros em profissionais reconhecidos e satisfeitos.

“É um legado que quero deixar, trazendo a experiência com a novidade”, enfatiza Júlia, que no último ano, já ensinou mais de 3500 alunos em seus cursos, desde a produção de brigadeiros até a organização do negócio. “Esse processo todo é uma questão de autoconhecimento antes de mais nada. Então, quero chegar em um ponto que eu me descubra por total. Quero atingir a minha liberdade financeira, escrever livros, dar aulas presenciais fora do Brasil, conhecendo novas culturas e sempre com a mente produtiva, podendo passar aos meus alunos e para minha família algo valioso de lição”, finaliza.

E Júlia acaba de lançar mais um de seus cursos. Conheça mais no Instagram @julianigroo.

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