29 de março de 2024
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Atividade Física e Envelhecimento

O envelhecimento se refere a um fenômeno fisiológico de comportamento social ou cronológico. É observado em todos os seres vivos expressando-se na perda de capacidade ao longo da vida, devido à influência de diferentes variáveis, como as genéticas, danos acumulados e estilo de vida, além de alterações psico-emocionais. Definido como um fenômeno altamente complexo e variável, comum a todos os membros de uma determinada espécie.

Trata-se de um processo multidimensional e multidirecional, pois há uma variabilidade na taxa e direção das mudanças (ganhos e perdas) em diferentes características em cada indivíduo e entre indivíduos.

A população idosa vem aumentando consideravelmente, o que se atribui a uma maior expectativa de vida, provavelmente relacionada a um melhor controle de doenças infectocontagiosas e crônico-degenerativas, gerando a necessidade de mudanças na estrutura social, para que estas pessoas tenham uma boa qualidade de vida. A atividade física é um importante meio de prevenção e promoção da saúde dos idosos através de seus inúmeros benefícios. O presente artigo teve por objetivo abordar aspectos do processo de envelhecimento mediante a atividade física, com seus benefícios e a importância para alcançar qualidade de vida na terceira idade.Salientando-se a necessidade atual de estruturação efetiva de programas que enfatizem a prática de atividades físicas, bem como o engajamento dos profissionais de saúde frente a estas ações.

O envelhecimento é um processo muito heterogêneo e a recomendação de atividade física para os idosos deve ser individualizada. Além dos benefícios já citados, os idosos ainda apresentam um efeito favorável sobre o equilíbrio e a marcha, diminuindo o risco de quedas e fraturas, menor dependência para realização de atividades de vida diária, melhora na auto-estima e autoconfiança, elevando de forma significativa a qualidade de vida.

Os benefícios da atividade física para a saúde e longevidade são conhecidos desde o princípio dos tempos. Existem benefícios bem demonstrados sobre vários aspectos que afetam a saúde e longevidade. Vários documentos já enfatizaram a importância da ação dos profissionais de saúde e entidades governamentais no estímulo a atividade física, assim como seu impacto sobre a saúde pública.

Apesar da associação entre atividade física e saúde estar bem documentada, a maior parte da população é inativa completa ou parcialmente.. Desta forma, a abordagem para a prática de atividade física e prescrição de exercício deve ser individualizada, principalmente entre os idosos.

O envelhecimento populacional é uma realidade no nosso país, assim como em todo o mundo. Com o aumento do número de idosos ocorre um aumento das doenças associadas ao envelhecimento, destacando-se as crônico-degenerativas e cardiovasculares. Talvez a dependência seja o problema que mais afeta a qualidade de vida dos idosos, que pode ser conseqüência de doenças neurológicas, cardiovasculares, fraturas, lesões articulares, entre outras.

A atividade física regular pode contribuir muito para evitar as incapacidades associadas ao envelhecimento. Seu enfoque principal deve ser na promoção de saúde, mas em indivíduos com patologias já instaladas a prática de exercícios orientados pode ser muito importante para controlar a doença, evitar sua progressão, e/ou reabilitar o paciente.

Benefícios e Riscos da Atividade Física (AF)

A prática regular da AF é acompanhada de inúmeros benefícios, porém alguns riscos devem ser considerados, sendo a avaliação clínica fundamental para que os benefícios sejam maximizados e os possíveis riscos minimizados.

Dentre os benefícios podemos citar:

Composição corporal: com o envelhecimento há um aumento percentual da gordura corporal e diminuição da massa
muscular. A atividade física reduz esta modificação. Além disso ajuda a melhorar a massa óssea quando jovem e prevenir a
perda na fase adulta, diminuindo o risco de fraturas.

Melhora da sensibilidade a insulina, levando a um melhor controle glicêmico, que pode prevenir o desenvolvimento de diabetes.

Lipoproteínas: aumento da fração HDL, diminuição da LDL, redução significativa dos triglicérides, além da redução da atividade aterogênica dos monócitos.

Várias das alterações cardiovasculares e pulmonares que ocorrem com o envelhecimento normal podem ser minimizadas ou revertidas com a prática regular de AF.

Fatores hemostáticos são influenciados de várias maneiras pela atividade física, com resultado líquido de redução da atividade pró-trombótica.

Aumento na capacidade física, elasticidade e equilíbrio, diminuindo o risco de quedas.

Aumento da vasodilatação dependente do endotélio, por aumento da liberação de óxido nítrico. O exercício aeróbico regular previne a perda da vasodilatação dependente do endotélio que ocorre com o envelhecimento e restaura ao normal em adultos e idosos sedentários saudáveis.

Melhora na imunidade, que pode diminuir a incidência de infecções e possivelmente de certos tipos de câncer.

Melhora da função autonômica, com aumento da sensibilidade dos baroreceptores e da variabilidade da frequência cardíaca.

Efeitos benéficos sobre a pressão arterial sistêmica:

Um dos benefícios mais bem documentados é sobre o risco de doença coronariana e morte, havendo uma relação inversa com a prática de exercício habitual. Isto vem sendo demonstrado tanto para a prática de exercício programado, quanto para as atividades de lazer ou inseridas nas rotinas do dia. Apesar do exercício moderado já apresentar benefício sobre a mortalidade, aparentemente há uma relação dose-resposta, com exercícios mais vigorosos demonstrando um efeito ainda maior.

O estudo das enfermeiras sugere que a atividade recreativa confere uma proteção modesta para o câncer de mama.

Atividade física, especialmente se vigorosa facilita a interrupção do tabagismo, além de prevenir o ganho de peso que geralmente se associa.

Muito importante para os idosos são as evidências de prevenção ou retardo do declínio cognitivo.

Os benefícios do exercício podem ter grande impacto sobre a saúde pública. Vários estudos correlacionaram de forma negativa a atividade e aptidão físicas com a incidência de doença coronariana, câncer de cólon, diabetes tipo 2 e morte. Após um evento cardiovascular, como por exemplo um infarto do miocárdio, a atividade física mantém sua importância. Porém, ela deve estar inserida dentro de um programa global de intervenção sobre os fatores de risco cardiovasculares e a avaliação médica e a atividade física deve ser realizada em ambiente supervisionado por profissional de saúde, apto a monitorar a freqüência cardíaca, pressão arterial e sintomas.

Apesar de todos os benefícios descritos, nas últimas décadas foi documentada uma redução na prática de atividade física e paralelamente vem ocorrendo um aumento na prevalência de obesidade. Além disso quanto maior a idade, menor a chance do indivíduo estar engajado em alguma atividade física regular. Para completar o ciclo os médicos e profissionais de saúde não abordam rotineiramente o problema da inatividade.

Riscos do exercício.

Os riscos potenciais associados a atividade física são variados, porém os benefícios para a saúde são tão grandes que superam em muito os riscos potenciais. Entre eles podemos citar as lesões ortopédicas (a idade é um dos fatores de risco para lesões); Arritmias cardíacas (principalmente nos portadores de cardiopatia); Infarto agudo do miocárdio (basicamente indivíduos não treinados e portadores de múltiplos fatores de risco em atividade física vigorosa); Morte súbita (complicação muito rara, aproximadamente 1 chance para cada 1,5 milhão de episódios de exercício).

Avaliação médica pré exercício

O nível de atividade física que é considerada vigorosa para o idoso não pode ser o mesmo que para o adulto saudável. Esforços de intensidade moderada, na minha opinião já podem ser considerados como vigorosos para um idoso sedentário, mesmo que considerado hígido em uma avaliação inicial.

Avaliação médica inicial é obrigatória para todos os homens com mais de 40 anos, mulheres com mais 50 anos, portadores de doenças crônicas (tal como doença coronariana, pulmonar, diabetes) ou que possuem fatores de risco cardiovasculares (diabetes, hipertensão, tabagismo, dislipidemia, e outros).

Todos os indivíduos com 50 anos ou mais devem ser submetidos a avaliação médica periódica e o médico assistente que o acompanha deve estar apto a liberar e recomendar a atividade física de preferência supervisionada por profissionais capacitados nessa área de medicina esportiva.

A atividade física regular melhora a qualidade e expectativa de vida no idoso. Um programa de Atividade Física para o idoso deve ser precedido de avaliação médica e deve incluir exercícios aeróbicos, de força muscular, de flexibilidade e de equilíbrio.

Orientações para exercícios em idosos:

Realizar exercício somente quando houver bem estar físico

Usar roupas e calçados adequados

Evitar fumo e o uso de sedativos

Não exercitar em jejum. Usar carboidratos antes do exercício

Respeitar os limites pessoais, interrompendo se houver dor ou desconforto

Evitar extremos de temperatura e umidade.

Iniciar a atividade lenta e gradativamente para permitir adaptação.

Hidratação adequada antes, durante e após a atividade física.

Isa Bragança C. Lavouras
Cardiologista / Medicina do exercício
Trabalho atualmente na Reabilitação Cardíaca na Cardiomex
http://www.cardiomex.com.br/ – 2491 52 54
clinicabarra@click21.com.br

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